Acendi mais um cigarro
Atravessei a ponte
O Sena já dormia profundamente
Escondendo no seu lôdo
O desespero dos seus suicidas.
Parei por alguns instantes
em frente ao Hôtel de Ville
Observei bem todo aquele monumento
Admirei o efeito das luzes
E prossegui a caminhada.
Pisei o calcário da Rue de Rivoli
E como um intruso
percorri-a bem devagar.
Flanei por outras ruas
E reduzi o passo na Saint-Denis
Caminhava lentamente
Dava passos calculados
Como se a deflorasse cuidadosamente
com o meu andar
Para mim, aquela era a primeira vez.
Desfilava por ali
Escoltado de perto
Pelos luminosos indiscretos
dos porno-shops.
Mais adiante
Algumas e certas mulheres
Negociavam com a fisiologia
e expunham audaciosamente seus corpos.
O prazer custava trezentos francos
e a AIDS era de graça.
Et alors, tu viens?
Nas calçadas
Erguia-se um exótico santuário de putas
que abria as suas portas
que abria as suas pernas
para os inveterados adoradores do escuro.
On y va?
Entrei no Hard-Sex
e senti-me perdido
no meio daquela densa floresta sexual
Os pênis eram árvores robustas
e as vaginas suas raízes profundas.
Caí em algum buraco
daquela geografia do desejo
e fiquei sujo com a poeira da minha solidão.
Continuei na Saint-Denis
As esplanadas dos Cafés estavam repletas
Os casais trocavam beijos e carícias
entre goles de panaché.
Senti inveja e reconheci
que naquele comboio de boêmios
eu era um dos clandestinos.
Para disfarçar
Tomei um café
O café custava dez francos
e angústia era brinde da casa.
Fui parar numa praça qualquer
sentei-me no banco
para esperar a luz do sol
e assistir às exéquias da noite.
Quando o sol ameaçava abandonar
o útero do infinito
para viver entre nós
Resolvi voltar.
Acendi o último cigarro
Atravessei a ponte
O Sena já estava bem desperto
preparando o seu leito
para receber o primeiro Bâteau Mouche
Alisando o seu lôdo
para acolher o próximo desesperado.
Paris, 12 de Janeiro de 1988
Atravessei a ponte
O Sena já dormia profundamente
Escondendo no seu lôdo
O desespero dos seus suicidas.
Parei por alguns instantes
em frente ao Hôtel de Ville
Observei bem todo aquele monumento
Admirei o efeito das luzes
E prossegui a caminhada.
Pisei o calcário da Rue de Rivoli
E como um intruso
percorri-a bem devagar.
Flanei por outras ruas
E reduzi o passo na Saint-Denis
Caminhava lentamente
Dava passos calculados
Como se a deflorasse cuidadosamente
com o meu andar
Para mim, aquela era a primeira vez.
Desfilava por ali
Escoltado de perto
Pelos luminosos indiscretos
dos porno-shops.
Mais adiante
Algumas e certas mulheres
Negociavam com a fisiologia
e expunham audaciosamente seus corpos.
O prazer custava trezentos francos
e a AIDS era de graça.
Et alors, tu viens?
Nas calçadas
Erguia-se um exótico santuário de putas
que abria as suas portas
que abria as suas pernas
para os inveterados adoradores do escuro.
On y va?
Entrei no Hard-Sex
e senti-me perdido
no meio daquela densa floresta sexual
Os pênis eram árvores robustas
e as vaginas suas raízes profundas.
Caí em algum buraco
daquela geografia do desejo
e fiquei sujo com a poeira da minha solidão.
Continuei na Saint-Denis
As esplanadas dos Cafés estavam repletas
Os casais trocavam beijos e carícias
entre goles de panaché.
Senti inveja e reconheci
que naquele comboio de boêmios
eu era um dos clandestinos.
Para disfarçar
Tomei um café
O café custava dez francos
e angústia era brinde da casa.
Fui parar numa praça qualquer
sentei-me no banco
para esperar a luz do sol
e assistir às exéquias da noite.
Quando o sol ameaçava abandonar
o útero do infinito
para viver entre nós
Resolvi voltar.
Acendi o último cigarro
Atravessei a ponte
O Sena já estava bem desperto
preparando o seu leito
para receber o primeiro Bâteau Mouche
Alisando o seu lôdo
para acolher o próximo desesperado.
Paris, 12 de Janeiro de 1988
Boa tarde Poeta; crônica bem intrigante mas gostei de ler parabéns, tenha uma ótima semana abços.
ResponderExcluirObrigado poeta. Um abraço
ExcluirUm poema simplesmente extraordinário!!!
ResponderExcluirObrigado Elmo. Valeu!
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