.

.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Milésima vomição - 1ª Edição


Escrevo pra ninguém
Mas falo para o mundo inteiro
E digo-me tudo o que não gostaria de escutar

Eu não queria escrever
Eu nem sei se gosto de escrever
Mas só quem sentiu um dia
Vontade de vomitar
Conseguirá me entender

E agora
Neste princípio de náusea
Neste começo de madrugada
Neste meio da rua
Nesta solidão e meia
E neste fim de espera
Não tenham nôjo do meu vômito
Não fui eu que criei o nôjo
Nem fui eu que inventei o vômito

Sirvo-me apenas
Das contrações involuntárias do meu espírito
Para expelir os restos desta comida ortodoxa
Que me enfiaram goela abaixo.

E entre os pedaços 
Que bóiam nesta golfada abjeta
Está a carne da minha revolta
Está o rabo do absurdo
Está a gosma da mentira
Está o braço da injustiça 
E os dedos intactos da morte.

2 comentários:

  1. Boa noite estimado poeta belíssimo poema gostei parabéns tenha uma ótima semana abços.

    ResponderExcluir
  2. Muito lindo,também já vomitei assim e que tem hora que não dá para segurar.
    Abraços. !

    ResponderExcluir