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sábado, 15 de agosto de 2015

Não

Não quero
essa vidinha retilínea, rasa, plana
cheirando a Omo
Essas emoções civilizadas
Essas pessoas regulares
Esse condicionamento fisiológico.

Não quero
Esse perpétuo "vai melhorar"
Essa infundada e infindável espera.

Não quero
Essa estupidez consentida
Esse consenrimento tácito e oficial
Esse romantismo desesperado
feito de um amor que já ruiu.

Não quero
Este mundo em fatias
Disputado por loucos famintos
Essas bundas de domingo
nesses bancos domingueiros
com esses papos de segunda-feira.

Não quero
Esse suicídio prêt-à- porter
Tão lento e mascarado que ninguém vê
Esse delírio cinematográfico
Esse conformismo epidêmico.

Não quero
Esses descobridores do óbvio
Esses comentaristas sem comentários
Essa vegetação capilar
cobrindo testas estéreis.

Não quero
Essa comicidade gratuita
Esse risinho viciado
Esses palhaços sem circo.

Não quero
Essa bestialidade perfumada
Esse fedor desodorizado
Essas feras sem jaula

Não quero
Esse credo monetário
Essa eucaristia de número
Essa religião de papel.

É tudo isso que eu não quero. 

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