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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Outras vozes


Prefiro o que não fala
Prefiro o íntimo terrível das manhãs
Os versos, espelhos da luta
Os segredos das tardes mornas
É o rumo do dia que dá sentido à vida.

Prefiro o que não fala
Prefiro os sentimentos dos pássaros
O discurso da noite escura
As palavras rudes da desilusão
É o passo errante que acha a direção.

Prefiro o que não fala
Prefiro o afeto puro da brisa
A chuva que cai e não avisa
O fim com cara de começo
É a solidão que revela o endereço.

Prefiro o que não fala
Prefiro o que não serve para os outros
Os restos dos falsos banquetes
O nada que ilumina
É a poeira do caminho que é a matéria da minha sina.

Prefiro o que não fala
Prefiro os gestos das árvores ao vento
O oxigênio dos fracassos
A largueza dos laços
É onde ninguém está que tudo resplandece
Prefiro o que não fala.
Poema© : JoaquimESTEVES