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quinta-feira, 30 de julho de 2015

O banquete dos famintos

Os comedores de batatas

Van Gogh

Procuro a palavra mais forte
do último sermão do silêncio.
Procuro o canto livre 
dos que não falam.
Procuro o sussuro da gota d'água
que morreu na fenda do rochedo.

Procuro o vento orfão
que ondula pelo púbis da montanha.
Procuro-me no enigma das grutas
encravadas na escarpa dos corpos. 
Procuro-me na espiral abstrata
da fumaça que me mata.

Procuro-me na trilha quase apagada
dos que se encontraram
e nos rastro de lágrimas
dos que se perderam.

E quando penso que me achei
É tão pouco o meu achado.

Roma, 24 de Julho de 1997 

Um comentário:

  1. "Procure-me na trilha quase apagada
    dos que se encontraram
    e nos rastro de lágrimas
    dos que se perderam."

    Joaquim , lindo, marcante e o que é melhor completa-me.

    Procurem-me e se por acaso me achares me libertarei.

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