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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Stop

Olho as ruas
com os olhos lavados de uma criança.

Assisto à parada
deste exército de blue jeans
que marcha com a perspectiva
da batalha mais próxima.

Olho bem fundo
nos olhos da multidão
e não vejo a minha cara.

Escuto os passos
Gravo os sons
Recebo as cores.

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Respiro o ar que a multidão exala
Há oxigênio e sentimentos puros
Há perfumes tóxicos
e podres formas de sentir.

Desisto da minha insensata procura
Furo os olhos
e cego a primeira esperança deste dia
que nasceu de manhã 
e acordou comigo.

Ainda aposto um último olhar
nos trajes destes andarilhos urbanos.

Mas eu estou certo
Não há mesmo ninguém vestido de mim. 

Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 1999

Um comentário:

  1. "Não há ninguém vestido de mim", me catucou. Ando em uma fase que desconfio nem eu mesma ando vestida de mim.

    Joaquim, meus parabéns.

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