.

.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Doce lar


Hoje 
Eu fiz uma fantasia
tão sinistra 
quanto uma calamidade pública
tão secreta
quanto as dores quietas
de uma cabeça sózinha
nas guerras da noite.

Quis perder tudo
para voltar à origens
Perder o dinheiro
Perder a memória
Desesperar um desespero total
tão grande e tão absoluto
onde não sobrevivesse 
o último facho de luz
de todas as minhas estúpidas esperanças

E aí
Rasgava as roupas
e livrava-me da minha importância
e do delírio
que me ensinaram a delirar
Procurava o mar 
como quem procura Deus
fanática e alucinadamente
E sem saber nadar
encontraria finalmente o nada
e um útero fresco e estéril
para esquecer e repousar 

2 comentários:

  1. Atônito... Foi a única palavra que consegui encontrar para descrever aquilo que "Doce Lar" provocou em mim. Obrigado por traduzir estes sentimentos de maneira tão completa e precisa. Sinto-me entendido. Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Oi Leandro,
    Há quanto tempo! Fico feliz que tenha gostado. Talvez volte para a Aliança do centro aos sábados no semestre que vem. Um grande abraço

    ResponderExcluir