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sábado, 15 de abril de 2017

Maya



Filha bastarda da falta de sentido
Bisneta legítima do absurdo
Nasceu cresceu e não morre.

Todos a engordam com esperanças vãs
Todos os obscenos a abraçam com despudor
A loucura é soberana.

São bilhões agarrados a ela
São milhões viciados nela
E eu que tento viver sem ela
Mergulho na água fatal
E por vezes estou quase morto.

Não há mais nada
Sem ela respira-se a morte
Sem ela a razão nos mata.

E eu que ainda não tenho vontade de ruir
Seguro-me no rabo do logro
Penduro-me na cauda do engano
Rodopio no trapézio deste circo trágico
Estou quase a cair
Mas luto para que a verdade não me dilacere.

Sinto todas as dores nas fibras da minha alma
Desespero e quero desabar
Estou por um fio.

Não conheço a geografia deste precipício
E temo a liberdade de não mais delirar
E enquanto isso
Permaneço inquieto e suspenso no rastro
desta Ilusão.

Poema© :JoaquimESTEVES

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