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terça-feira, 21 de julho de 2015

Por um triz

Bendita seja a nossa urina matutina 
Prova úmida da vida que nos fascina
Penumbra de mais um sol, mais uma mina   
Descerrar de uma cortina.

Começa a farsa 
Começa a trama  
Eu sou teu comparsa   
Tu és minha dama 
E lá vamos afoitos, despertos, em chama 
Fugindo da lama 
Driblando o drama
Farfalhando teus bicos, tuas pontas, a tua mama  
Querendo escrever histórias nos anais da nossa cama.

É hora dos gemidos, dos gritinhos, dos ais 
Hora de sermos animais 
Hora de atender aos teus soluços carnais
Ao clamor dos teus canais 
Às tuas dobras fatais.

Agora estou feliz  
Estou radiante pelo que te fiz  
Mas já basta de beber dessa matriz
Esgotou-se o script, pode deixar de ser atriz 
Nos meus espaços de dentro, algo me diz 
Que é infeliz 
Ser feliz  
Só por um momento, por um tempo, por um TRIZ.

Mas é preciso ser feliz  
Isso me desatina  
O que é que eu vou fazer se é aí onde tudo culmina?
........................................................................
Só me resta recomeçar e descerrar a cortina 
Bendita seja a nossa urina matutina.

Rio de Janeiro, 17 de Outubro 2001

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