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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Canis laudem


Dizem que falo mal do mundo
Não falo bem nem mal
Digo o que o mundo é
 
Dizem que sou exigente
Não exijo nada
Quero apenas o que não existe por aqui
Amor sem sexo
Amizade sem interesses
Rostos sem máscaras
O mínimo de afeto sem taxas
E um pouco de sentido
Para todos os reféns deste absurdo inútil
 
Não acredito nas bravatas
das falsas companhias
E sei que de mim não escapo

Tenho pavor dos mistérios da vida
E não dou um centavo 
aos gigolôs da minha angústia
Assumo o preço de existir 
e pago à vista a minha conta metafísica
Tenho grave alergia a ilusões
e a mim
ninguém mais engana
com lorotas da Galiléia

Não suporto mais ter que ser medíocre
para ser reconhecido
Odeio assistir inerme ao triunfo dos idiotas
Sou vítima inocente da ganância   
Amargo os horrores da política
e o mal anda à solta

Tenho que nivelar por baixo
e fingir que me divirto  muito
na lama podre do chiqueiro 

Não tolero mais este teatro a céu aberto
Nunca consegui rir dos palhaços deste circo trágico
Conheço perfeitamente a diferença entre um sorriso e uma lágrima

Não creio na salvação dos fúteis
e desespero na superficie
porque moro feliz no abismo

Nunca  me senti em paz
com as deformidades da minha espécie
e louvo os cães 
que nunca vão embora. 

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